“Sou impulsiva, regida pelo prazer”. No jogo da vida, Marcela, participante do grupo da Pipoca no BBB20, sempre aposta alto quando decide se jogar em uma experiência. Para entrar no reality, abriu mão do namorado e pediu demissão dos três empregos. O estereótipo de princesa passa uma imagem errada dessa médica ginecologista obstetra, de 31 anos, que tem uma famosa frase do livro “O Pequeno Príncipe” tatuada nas costas: “Será que me apresento errado ou o mundo me coloca em uma caixa”.
“Eu brinco que a bruxa que morava em mim cutucou a princesa e falou: ‘amada, chega! vamos levantar e fazer outra coisa da vida’. A gente é muita coisa, mas nem todo mundo tem tempo de te ver por inteira”.
Paulista, natural de Rancheira, viveu uma promissora carreira de modelo antes de se jogar na faculdade de Medicina. Aos 15 anos, se inscreveu em um concurso de uma famosa revista adolescente, derrotou cinco mil meninas e ganhou a capa. Contratada por uma importante agência, acabou passando uma temporada nos Estados Unidos onde viveu um affair com um dos filhos de Julio Iglesias. “A pressão para se manter magra acabou fazendo com que eu apresentasse sintomas de bulimia”, conta a loira, que chegou a ser capa de revista sobre o assunto.
Ex-namorada de um famoso jogador de futebol e de Japinha, baterista do CPM 22, já foi casada por dois anos, mas, entre idas e vindas, o relacionamento durou, no total, 12 anos.
“Ele era muito ciumento, entrei nesses processos de desconstrução e a caixinha foi ficando cada vez mais apertada para mim. Conforme fui amadurecendo, as nossas diferenças gritaram”, analisa.
Sua vida virou do avesso quando participou de um curso de tantra. “Fiz uma vivência tântrica para mulheres para agregar à minha profissão. Foi bem profundo, chorei muito. Me fez enxergar muita coisa: quem eu queria ser e qual era meu papel no mundo. Foi bem forte. Expandiu minha consciência e quando voltei mudei minha vida toda, começando pelo divórcio”.
Livre, se assumiu bissexual: “Me interesso por pessoas”. Sagitariana, colocou um ponto final em relacionamento aberto de 10 meses para curtir o reality sem culpas. “Vou ovular três vezes lá dentro. Não posso me responsabilizar”, brinca, e logo em seguida, ressalta: “Não seria justo com ele e comigo. Não sei o que eu vou encontrar no confinamento. Não quero expor ele, senão não vou curtir”. Mas dá um aviso aos possíveis pretendentes:
“Tenho preguiça de hétero ‘topzera’, machão, gente pedante e fake”.
Formada em Sexualidade Engajada com as questões femininas, se desconstruiu e se encontrou profissionalmente no parto humanizado: “Na residência, eu chorava muito. É muito violento a realidade dos partos, mas não tinha consciência. Ficava muito mal, cogitei largar a carreira”.
Antes da experiência, assume que chegou a revirar os olhos e saiu de lá transformada. “Costumo dizer que a funcionária do Ministério da Saúde que coordenava a humanização do parto me deu tapas de amor na cara. Foram os quatro partos mais lindos que eu já tinha visto na vida”. Resultado: se apaixonou novamente pelo ofício:
“Percebi que eu não odiava o que fazia, só detestava a forma como tinha aprendido. Aí, sim, me apaixonei pela profissão”.
Cansada da resistência dos colegas e dos hospitais por onde passou, abriu o próprio consultório para remar contra a maré. Ao se mudar para São Paulo, entrou para um coletivo de parto humanizado. “Fiquei enlouquecida quando conhecei esse grupo, era meu sonho trabalhar com gente que não acha que sou maluca”, comenta, com os olhos de quem gosta muito do que faz.
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Um de seus planos para o prêmio, inclusive, é investir em uma clínica de atendimento à mulher. “Quero abrir uma casa onde eu possa trabalhar todas as especialidades. A outra opção seria comprar alguma coisa em Caraíva e viver lá para sempre”.
Na casa mais vigiada do Brasil, seu maior desafio é desmontar essa imagem da menina fofa, de voz mansa que adora rosa e brilhos.
“Sou muito mais que isso. Particularmente, gosto dessa desconstrução. Se você conversar comigo, essa impressão cai rapidamente”.
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