Artista coloca luta em primeiro lugar para atingir a igualdade de gênero e o fim da intolerância contra orientações sexuais; veja
Junho fala, acima de tudo, sobre luta. No mês em que se comemora o mês do Orgulho LGBTQIA+, um movimento que tem como base o combate ao preconceito contra orientações sexuais e identidades de gênero, a gente conversou com Lucas Koka Penteado, ator, cantor, escritor e - agora - ex-BBB.
Ele carrega a representatividade no peito desde os 12 anos, quando ingressou em grupos de oposição à intolerância. Em conversa com a CONTIGO!, o paulista refletiu sobre sua jornada no reality e exaltou a militância que caminha com ele desde a infância.
Mesmo com pouco tempo de programa, você foi um dos nomes mais marcantes da casa. Conseguiu se tornar o segundo participante homem com mais seguidores e tocar o país com sua trajetória lá dentro. Quando você saiu, o que mais te chocou?
Acredito que o que mais me chocou foi que as pessoas abriram o coração para acolher e demonstrar amor para um desconhecido. Pessoas famosas e pessoas anônimas fizeram uma corrente do bem para me acolher e acolher a minha família. Eu sou militante, eu acredito muito na evolução da cidadania e eu percebi que o nosso país se encantou quando se uniu com esse propósito.
Você passou por um momento muito representativo com Gil do Vigor já que vocês protagonizaram o primeiro beijo gay do BBB. Como foi lidar com o impacto que isso causou?
Eu acredito que isso deveria ser normalizado não só em reality show, mas em série, em novela e no dia a dia das pessoas. É muito padronizado o amor no nosso país e isso deveria mudar. O Gil é um cara incrível, bonito, simpático, não tem como ficar triste do lado dele. Quando ele começava a falar, eu já ficava feliz. É um orgulho absurdo ele ter se interessado por mim e a gente ter dado aquele beijo.
Na noite em que você deixou a casa, você relatou medo de como sua família e amigos iriam reagir à cena do beijo. Então, como eles reagiram?
Eu sinto medo todos os dias, o Brasil é o país mais perigoso para mim. Mas com o meu pessoal aqui em São Paulo, a minha família e os meus amigos foi extremamente o contrário. Em todas as periferias que eu visitei após o BBB eu fui muito bem acolhido. A diversidade vem sendo, para mim, muito bem acolhida. A galera me abraça, eles acham lindo o que aconteceu lá e muita gente diz que eu sou corajoso. Eu fico pensando ‘corajoso? ser você mesmo é ter coragem?’. Então, hoje em dia, eu desejo à essas pessoas coragem de serem vocês mesmos.
É possível listar motivos pelos quais você deixou o programa?
O programa não tava mais psicologicamente saudável para mim. Aquilo queria romper com o meu caráter e eu não ia mudar o meu caráter por R$ 1,5 milhão, podia ser até 10 milhões. Em primeiro lugar estão os meus conceitos e eles são o respeito e a luta pelos direitos.
Com o fim do reality, você se reconectou com algum participante?
Nós somos todos artistas, então a gente sempre acaba se encontrando. Encontrei bastante gente e tá tudo bem. O que aconteceu na casa ficou na casa. Águas passadas, para mim tá tudo passado e eu não guardo mágoa de ninguém. A parada é o amor, só isso vai acabar com o tanto de guerra que a gente tem no nosso país, só o amor vai vencer o ódio.
Você é uma pessoa que sempre se mostrou abertamente militante pelos direitos da comunidade LGBTQIA+. Porém, com o BBB, você se mostrou ainda mais. Como está sendo essa demonstração para um público de porte nacional?
Eu sou militante da União da Juventude Socialista desde os 12 anos. A bancada LGBT sempre foi uma porta bem grande por lá, sendo que a gente já vem lutando pela igualdade de gênero já faz um tempo. É claro que muita gente me coloca como um símbolo, mas eu acredito que a luta não tem símbolo, ela tem personagens e cada um desses personagens é você cidadão.
Você se tornou uma inspiração para muitas pessoas do movimento. Como é ter esse papel tão importante?
Eu não me vejo importante, nem símbolo, eu sou só um cara normal que não vai desistir de lutar nunca. É um legado bem bacana que a gente vem trazendo na nossa geração e a cada dia a gente vem rompendo barreiras que foram levantadas há muitos anos. Dá para perceber que é estrutural os preconceitos que nós temos no nosso país e a gente vem desestruturando eles.
O que você diria para a variedade de pessoas da comunidade LGBTQIA+ que estão vivenciando esse mês de Orgulho?
Simplesmente: em momentos difíceis, lute. A sua presença na luta faz toda diferença.
Para finalizar, você anda compartilhando muitas novidades nas redes sociais. Quais são os planos para esse futuro que se abriu tanto para você?
A gente tem alguns projetos. Dia 21 de julho a gente lança o CD da Banda Triplex que é a minha banda na qual eu sou vocalista. Eu tenho uma música, um feat, com os originais do samba, uma música da minha composição. Nós temos um filme da Netflix pra fazer, temos um filme do Claudinho Bochecha pra fazer. O filme da Netflix é dirigido pelo grande Rodrigo França. Nós temos uma série chamada ‘Da ponte pra cá’ que eu escrevi e a direção é do Lucas Margutti e protagonizado por mim. A gente está pensando em começar um projeto para lançar filmes e curtas independentes no Instagram. É muito complicado trazer produções independentes porque não tem patrocínio e a gente tira do bolso, às vezes nem é visto aqui. Vamos dar oportunidade para todos, vai ser uma janela da periferia.
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