Após a polêmica envolvendo o comentário de Rodolffo a respeito do cabelo de João Luiz, que veio à tona no Jogo da Discórdia de segunda-feira (5), o apresentador Tiago Leifert decidiu ter uma “conversa séria” com o cantor no programa ao vivo desta terça-feira (6), no qual ele acabou eliminado, com 50,48% dos votos.
Antes de revelar quem seria o eliminado desta semana, Leifert disse que desligaria o “modo apresentador” e falaria como fã e como a pessoa que tem o privilégio de conversar com os participantes da casa.
“Aquele assunto do João, era um assunto que estava muito restrito ao João, Camilla [de Lucas] e ao Gil. Vendo o que aconteceu ontem no jogo, vendo como você se defendeu, me preocupou, por isso eu tô aqui para conversar com você, de homem branco para homem branco”, começou o apresentador.
“Eu vi sua defesa, quando eu era mais novo, no colégio, também brincavam com o meu cabelo, com a textura do meu cabelo, isso nunca fez a menor diferença para mim, porque o meu cabelo, para mim, era um negócio que estava espetado no meu crânio, eu não tô nem aí. Um cabelo black power, que é o cabelo do João, não é um penteado, é mais que um penteado, é um símbolo luta, de resistência. Foi o que os americanos dos anos 1970 usaram como símbolo antirracista. Eles vestiram o black power para mostrar para as pessoas que eles se aceitavam, que ele se amavam.
“Até pouquíssimo tempo atrás, uma pessoa como a Cami e o João tinha que levantar em um ônibus para um branco sentar, não podia ir em um restaurante. Então historicamente, o cabelo do João foi associado a uma coisa suja, a uma coisa feia, não existia cosmético para a pele da Camilla, não existia nada para o cabelo do João.
“É por isso que quando a gente faz um comentário sobre o cabelo do João, a gente não tá falando de penteado, que foi o que você achou que estava fazendo e como você encararia, e eu como homem branco também por muitos anos encarei. Você tá falando de um símbolo, do que o João é, do que o João sente, do que ele viveu na pele dele, da história dele, da ancestralidade do João. Tem muito ali. O black é a coroa, isso não sou eu que tô falando, quem disse isso é um cara que eu tenho um amor profundo, que eu tive a honra de conviver, o nome dele é Alexandre Santana, mas vocês devem conhecê-lo pelo apelido, um apelido racista, Babu, que vem de babuíno, vem de um macaco, mas o Babu usou o apelido como símbolo de resistência”, continua o apresentador.
Leifert reiterou que João tem toda razão em ter se sentido ofendido por Rodolffo ter comparado o cabelo dele à peruca de homem das cavernas da fantasia do último monstro.
Rodolffo pediu a palavra, se desculpou pelo comentário que havia feito, mas novamente voltou a falar que seu cabelo também não é liso, e foi interrompido pelo apresentador, que mais uma vez reiterou que a discussão não era sobre isso.
“Então, mas não é esse o ponto. Não é sobre textura e sobre penteado. É sobre o símbolo. O meu cabelo não representa nada do que eu sou, e o seu cabelo não representa nada do que você é, não muda nada na sua vida. Mas para o João muda muito. É um símbolo de resistência do João, é por isso que pega num lugar diferente dele”, finaliza Leifert.
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